De acordo com a 7ª Pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), no ano de 2013, as mulheres faziam parte de cargos de comando em no máximo 10% dos negócios rurais do Brasil, este dado subiu para 31% em 2017.
Em vista disso, os progressos na ocupação de cargos de comando ocorreram em razão das mulheres primeiramente vencerem o obstáculo do pré-conceito, adquirirem novos conhecimentos, se qualificarem e crerem que suas carreiras devem ser levadas mais a sério no meio rural.
No entanto, no contexto do agronegócio as mulheres ainda enfrentam bastantes desafios como poucas oportunidades, pouco incentivo, machismo e falta de reconhecimento.
Tem interesse em saber mais sobre carreira e gestão feminina no agronegócio?
Se a resposta for positiva, acompanhe as próximas linhas.
Boa leitura!
Cenário das mulheres no agronegócio
As mulheres estão cada vez mais adotando papéis de liderança no agronegócio, mas ainda encontram vários obstáculos em suas vidas profissionais. Segundo estudos da Embrapa, apenas 9,6% deles conseguem informações técnicas por meio de reuniões ou seminários, em comparação com 14,3% dos homens.
Apenas 5,3% das mulheres participam de atividades associativas, como cooperativas, enquanto 12,8% dos homens participam de alguma forma de associação.
Outro obstáculo é a disparidade salarial entre homens e mulheres. Segundo o Centro de Estudos Agropecuários da Fundação Getlio Vargas (FGV Agro), as mulheres do agronegócio recebiam 78,3% do que os homens recebiam em 2017.
A boa notícia é que, segundo dados do IBGE em parceria com a Embrapa em 2017, a disparidade salarial entre homens e mulheres no agronegócio é menor do que na economia brasileira como um todo, onde as mulheres ganham em média 76,2% da renda masculina.
Enfim, tudo isso é problema histórico e cultural: tradicionalmente os homens são o “ganha-pão”, e as mulheres são personagens secundárias. A discussão sobre a equidade de gênero resultou em mudanças nessa área, dando mais voz às mulheres na tomada de decisões sobre a propriedade rural.
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Oportunidades de carreira e gestão feminina no agronegócio
O agronegócio já foi considerado uma indústria tradicional e familiar, mas isso mudou. De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE de 2006, 90% dos profissionais que trabalhavam na agricultura familiar eram relacionados ao produtor. 10 anos depois, esse número caiu para 73% (IBGE, 2017).
Uma forte tendência de governança corporativa e profissionalização da empresa familiar abriu portas para que os profissionais do mercado possam integrar suas estruturas, processos e procedimentos corporativos.
O Brasil tem atraído capital de investimento, mudando o perfil dos indivíduos contratados, trazendo especialistas de outros setores e qualificando seus profissionais. Além disso, com a tecnologia, precisamos de funcionários que possam agir rapidamente. Como resultado, profissionais de diversas origens têm mais oportunidades de entrar no setor.
A indústria agrícola está repleta de oportunidades e nesse sentido, vamos ver mais mulheres em cargos de liderança, felizmente.
O profissional deve ter boa liderança, visão estratégica e aprendizado rápido. Nesse cenário, o treinamento técnico é importante, e isso não depende do gênero. Novas carreiras surgirão no futuro, mas isso dependerá das habilidades, dos objetivos de vida e da carreira do profissional.
Atualmente, e felizmente, existem mais programas de trainee com diversidade de gênero, permitindo que as mulheres avancem mais rapidamente. Por isso, o profissional deve estar devidamente preparado.
O trajeto da diversidade e equidade de gênero no agronegócio
A diversidade promove práticas de negócios eficazes. Para tornar essas ideias realidade, ações reais devem ser implementadas e monitoradas ao longo da cadeia.
Os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs), um projeto da ONU lançado em 2010 para incentivar as empresas a desenvolver ou adaptar políticas que promovam a igualdade de gênero no local de trabalho, mercado, cadeia de valor e sociedade, são um excelente ponto de partida. Veja abaixo os pontos focados dos WEPs:
- A igualdade de gênero é uma prioridade para a alta administração.
- Não discriminação, igualdade de oportunidades e inclusão
- Saúde, segurança e ausência de violência são fatores importantes.
- Treino e educação
- Práticas em desenvolvimento de negócios, gestão da cadeia de suprimentos e marketing
- A igualdade é promovida através dos esforços da comunidade.
- Transparência, mediação e disseminação de informações
No entanto, implementar mais diversidade e atrair talentos femininos não é suficiente se não criarmos ambientes acolhedor
Ou seja, não é apenas conversa; é uma ação para aumentar o número de mulheres em cargos de direção, inclusive em conselhos de administração, e buscar a igualdade de gênero no setor, bem como combater a violência contra o trabalho feminino no agronegócio e promover a educação como alvo da capacitação tecnológica
Além disso, oportunidades iguais, desde a contratação até a promoção, promovendo habilidades variadas, remuneração justa e transparente, treinamento sobre preconceitos inconscientes, grupos de apoio e outros regulamentos e procedimentos apropriados são necessários para aumentar a representação das mulheres no agronegócio.
A realidade dos esforços de diversidade e inclusão de gênero da empresa, traz como resultado, a carreira e gestão feminina no agronegócio melhor equipada para enfrentar os problemas de hoje e de amanhã.
Desafios de carreira e gestão feminina no agronegócio
As mulheres na gestão têm vários problemas e possibilidades, assim como em qualquer outra área agrícola. Um dos obstáculos mais difíceis é ser ouvido, pelo fato de estarem trabalhando com um universo predominantemente masculino.
No entanto, existem inúmeras opções para mulheres que gostam, entendem e querem trabalhar na agricultura.
Além disso, o agronegócio tem os mesmos obstáculos que qualquer outro setor, basta manter-se atualizado sobre as mais recentes tecnologias, sementes, fertilidade do solo, previsões meteorológicas e outros tópicos, além de aumentar as experiências existentes.
Necessidade de lideranças femininas
A princípio, uma forma de fazer com que haja mais participação na carreira e gestão feminina no agronegócio é o estímulo para sucessoras com por via do ensino formal.
Afinal, uma perspectiva total do trabalho rural é ofuscada entre boa parte das filhas de trabalhadores do meio rural por razões culturais, com isso essas filhas de trabalhadores do meio rural optam por uma carreira não alinhada com o próprio meio rural.
Felizmente este quadro se encaminha para o oposto, ou seja, muitos pais que trabalham no meio rural ou mesmo que são produtores rurais agora estão dialogando mais com sua família a respeito da sucessão familiar e estímulos para suas filhas fazerem carreira no agronegócio.
Ao passo que ao ter este novo cenário novas portas estão se abrindo para uma nova geração empenhada, conectada, globalizada e que troca conhecimentos com seus amigos e familiares que já tem mais experiência no agronegócio e que fazem parte do seu dia a dia.
Por fim, é certo dizer que ainda há muito o que trilhar até alcançar o equilíbrio de participação entre homens e mulheres no agronegócio, porém não há problema em celebrar os primeiros avanços.
Importância dos incentivos para as mulheres ocuparem a gestão
Mas como as empresas rurais e propriedades rurais podem incentivar e motivar essas mulheres a assumir papéis de liderança?
Capacitação, criação oportunidades para que as mulheres tenham voz no local de trabalho e apoio ao desenvolvimento de lideranças fazem parte de um plano mais amplo que deve ser implementado nas empresas e propriedades rurais para incentivar a inclusão e o alinhamento das equipes de trabalho em direção a um objetivo semelhante.
Algumas medidas são necessárias para um trabalho eficaz nesta área de encorajar as mulheres a assumirem papéis de liderança.
Em primeiro lugar, as organizações devem ter um plano de carreira diferenciado para esses cargos gerenciais, com características bem definidas, principalmente por serem novos na empresa.
Cada mulher poderá reconhecer seus talentos e trabalhar suas limitações dessa forma, aumentando o valor que ela traz para a organização e sua marca pessoal.
Outra opção é sediar eventos que permitam que as mulheres participem como palestrantes e organizadoras, bem como membros da plateia.
Aliás, força, liderança e capacidade de administrar gradualmente substituíram a ideia associada à mulher de que ela é frágil.
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