As mulheres são a espinha dorsal dos negócios agrícolas, mas lutam com barreiras que as impedem de viver em todo o seu potencial. Descubra hoje como a presença feminina no agronegócio impacta a direção do setor.
Em muitos países, a presença de mulheres no setor de agronegócio é significativamente maior do que nos setores industrial e de serviços.
No Brasil, que possui uma das maiores economias agrícolas do mundo, abrange cerca de 38% de todos os empreendimentos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas mesmo que elas estejam ganhando espaço neste setor, ainda há muito a fazer para superar preconceitos e estereótipos em relação à sua presença no que costumava ser considerado um campo exclusivamente masculino.
Este post analisa de perto algumas das razões por trás desse fenômeno e quais medidas podem ser tomadas para ajudar a melhorar este cenário. Vamos nessa?
Mulheres e agronegócio: desigualdades de gênero acendem o alerta
O agronegócio, amplamente definido como o negócio da produção e processamento agrícola, é um setor da economia e uma das forças mais poderosas que moldam nosso mundo.
Com mais de 45% da população vivendo em áreas rurais , estima-se que a agricultura fornece um meio de subsistência para cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo.
Só no Brasil, mais de 19 milhões de pessoas estão empregadas em fazendas e há estimativas para mais de 100 mil empresas envolvidas no agronegócio em todos os setores da economia. Mas o que aconteceria se considerássemos apenas as mulheres?
As mulheres compõem 38% da força de trabalho nas fazendas brasileiras, mas representam apenas 19% dos cargos executivos, segundo dados do instituto de pesquisa IBGE. Apesar dos números crescerem ano após ano, há duas principais barreiras que impedem o crescimento desses números: o preconceito e a falta de acesso ao financiamento.
A importância das mulheres no campo
Em um setor historicamente dominado por homens, as mulheres estão finalmente deixando sua marca.
A presença feminina no agronegócio brasileiro cresceu tremendamente nas últimas décadas; esse crescimento deve-se a uma série de fatores diferentes.
Uma dessas razões é que as mulheres representam 40% da força de trabalho, mas ocupam apenas 18% dos cargos de gestão. Isso cria uma discrepância entre representatividade e desigualdade dentro de papéis de liderança, visto como injusto.
Outra razão para esse crescimento se deve à quebra de preconceitos e à mudança de atitudes sobre as habilidades das mulheres no campo.
Também entra em jogo a globalização e o aumento da demanda por alimentos.
À medida que mais pessoas se mudam para as cidades e produzem em menor quantidade seus próprios alimentos, as mulheres se tornaram mais envolvidas na agricultura porque assumem funções complementares na terra, igualmente similares às dos homens durante o cultivo de safras ou atividades de pecuária.
Segundo o Censo Agropecuário 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil mais de 1,5 milhão de mulheres lideram um empreendimento rural, sendo diretoras, gestoras e produtoras em fazendas de todo o país.
A pesquisa também indica um aumento das posições de liderança feminina – aumentando de 12,6% para 18,6%.
E quando se trata de mulheres na agricultura, não há como parar sua progressão.
No Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal, as mulheres compõem cerca de 80% dos participantes.
Elas produzem uma variedade surpreendente de itens – desde frutas e legumes até ovos – para inúmeros órgãos.
Independentemente do aspecto desta indústria com o qual estão envolvidas — gestão agrícola, consultoria técnica, ensino — as mulheres são encontradas em todos os níveis: liderando todos os segmentos, incluindo marketing e vendas; entre muitos outros.
Mulheres no agronegócio: a necessidade de uma representação igualitária
A presença feminina no agronegócio é importante por uma série de razões.
Primeiro, porque é vital que as mulheres estejam representadas em todos os setores da economia, e isso inclui a agricultura.
Além disso, as mulheres têm desempenhado um papel essencial no desenvolvimento do setor desde os tempos antigos, e sua contribuição ainda é necessária hoje.
Por exemplo…
A mulher é aberta à inovação e à tecnologia
O trabalho rural muitas vezes depende do trabalho manual, mas as mulheres não são impedidas de se envolver nessas tarefas.
E é fato que a tecnologia tem ajudado a promover a presença feminina nesta indústria também; isso porque, além de fornecer características agronômicas valiosas, a tecnologia ajuda a tornar esse trabalho mais estratégico e planejado.
E com um número crescente de mulheres com cada vez mais conhecimento sobre os últimos avanços em tecnologia e agricultura (4.0), elas também entendem que ferramentas como as digitais são essenciais para melhorar o desempenho nas lavouras.
Contudo, para alcançar os níveis mais elevados de desenvolvimento, posições e espaço, é preciso de mais trabalho e comprometimento.
E ao olhar para isso sob uma perspectiva diferente, fica evidente que há mais espaço para inovação e mudança.
Os homens não precisam necessariamente possuir mais qualificações ou experiência o suficiente para competir pelos mesmos trabalhos porque são tratados de forma diferente das mulheres que são consideradas opostas – não só disponíveis à novas oportunidades, mas também sob o contexto financeiro.
O que ainda precisa mudar?
As mulheres brasileiras têm presença significativa no setor. No entanto, em uma sociedade agrícola tão dominada por homens, as conquistas das mulheres no agronegócio são muitas vezes negligenciadas.
Embora as estatísticas possam dizer o contrário, parece haver um número crescente de pessoas que querem mudanças.
Como dito anteriormente, é verdade que as mulheres desempenham um papel enorme na produção desses bens – mas nem sempre recebem reconhecimento no setor.
Essa foi uma das conclusões tiradas do recente estudo feito pela Oxfam Brasil sobre proprietários de terras brasileiras – provando o quão significativa é a divisão quando se trata de discriminação de gênero.
A pesquisa também revela que a maioria das terras de propriedade feminina tem menos de cinco hectares, e mesmo quando são produtoras que tocam a propriedade, ela é registrada sob o nome de um membro masculino da família, como seus pais ou irmãos.
Por outro lado, quando se analisa as estatísticas demográficas do país, percebe-se que há poucas mulheres em posições de poder ou autoridade.
Isso porque, metade da população é composta por mulheres, mas desse percentual, apenas menos de 10% ocupam posições com poder dentro das empresas.
Essa falta de igualdade de gênero não deve seguir ignorada e precisa mudar antes que seja tarde demais.
Isso deve mudar se quisermos ver uma maior representação feminina no agronegócio.
A liderança feminina no agronegócio é uma questão fundamental na sociedade atual
O primeiro passo para avançarmos na questão da desigualdade é reconhecer o pouco que sabemos sobre o estado atual da participação das mulheres na agricultura.
Há muitas perguntas urgentes a responder, tais como: que papel as mulheres têm na agricultura brasileira? Como podemos aumentar a participação delas? Que iniciativas precisam ser colocadas em prática para que isso aconteça?
Essas são questões importantes para qualquer sociedade que queira garantir que as mulheres tenham um lugar à mesa.
No Brasil, chegou a hora de fazer essas perguntas com urgência e especificidade.
Este ano, por exemplo, apenas sete mulheres foram eleitas senadoras, num total de 26 estados do país.
Além disso, as mulheres representam apenas 15% dos membros do Congresso Nacional, um número ainda bastante preocupante.
Também é difícil encontrar mulheres entre as líderes do agronegócio; elas compõem apenas 1% dos CEOs das mais de 400 empresas brasileiras listadas no mercado de ações (BM&FBovespa).
O ano eleitoral mais recente também revelou que apenas 33% dos candidatos registrados eram mulheres — número que reflete poucas mudanças desde 2003, quando era de 15%.
Outro exemplo disso são as questões financeiras.
Quando se trata de salários entre gêneros, as mulheres são as mais impactadas. Há também dificuldades no acesso ao crédito (comparado com o sexo masculino), financiamento e tecnologias de produção – mesmo que, em teoria, deveriam estar disponíveis para todos, independentemente.
Alguns obstáculos listados, incluindo preconceito e desigualdades de gênero, também foram listados como pontos de atenção e melhoria, se quisermos progredir de forma efetiva o agronegócio brasileiro.
A conclusão é que o avanço tanto do desenvolvimento da sociedade quanto da economia aumentará somente quando a presença feminina ocorrer de forma mais ativa através de setores fundamentais da sociedade.
Conclusão
O agronegócio continua sendo uma das principais fontes de renda no Brasil.
Segundo estatísticas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), no período 2020-2021, esse setor representou cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) total do Brasil.
A presença feminina no agronegócio também não deve ser subestimada, pois elas estão continuamente quebrando barreiras e impactando a economia e a sociedade brasileira como um todo.
Quebrar o teto de vidro no setor agrícola é uma tarefa que exige muito mais do que falar, mas é importante ter conversas sobre isso.
A presença feminina no agronegócio não é extremamente necessário por sua importância para tarefas que exigem um olhar mais analítico e atento para os avanços que o setor exige, além da questão da representatividade e igualdade.
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